Estão em nosso universo

quarta-feira, 11 de maio de 2011

As virgens reiventadas

 Soasig Chamaillard (1976) trabalha sobre estatuetas da Virgem Maria, que compra em feiras de velharias, e o resultado é uma verdadeira extreme makeover de um dos principais símbolos da Igreja Católica. Para muitos, um sacrilégio; para outros, uma bênção; para ela: reflexões sobre a espiritualidade no tempo presente, que baptizou de “Aparições”. A fé – defende - deveria ser suficientemente forte e não se sentir abalada por simples objectos.

soasig chamaillard virgem


Trabalha sobre estatuetas da Virgem Maria, que compra em feiras de velharias, e o resultado é uma verdadeira extreme makeover de um dos principais símbolos da Igreja Católica. Para muitos, um sacrilégio; para outros, uma bênção; para ela: reflexões sobre a espiritualidade no tempo presente, que baptizou de “Aparições”. A fé – defende - deveria ser suficientemente forte e não se sentir abalada por simples objectos.
Soasig Chamaillard (1976), estudou Belas Artes, trabalhou em ilustração e design e passou três anos a criar objectos para algumas lojas locais, até ao momento em que sentiu que tinha que se afirmar como artista. Queria amar o que fazia e, esse passo, implicou começar a criar objectos únicos e deixar de trabalhar apenas para satisfazer os outros.
De forma ousada, reinventa estatuetas da Virgem Maria, através das quais diz “falar, principalmente, das mulheres da sociedade contemporânea”.
A Super Maria surgiu do interesse em confrontar dois ícones. Soasig explica que, se por um lado, consideramos que a Virgem Maria é uma representação do seu tempo, então, talvez a possamos encarar como uma “Super Mulher” dos tempos modernos: uma mulher extremamente atarefada, que trabalha e, simultaneamente, trata da sua família. A artista defende, ainda, que existe uma ligação muito interessante entre a banda desenhada e a religião: os super-heróis personificam o bem e o mal, e os seus super-poderes representam os milagres religiosos.
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O “Beijo” nasceu quando Soasig encontrou, por acaso, dois bustos iguais da Virgem Maria. No início, pensou trabalhá-los simultaneamente, depois, apercebeu-se que se uniam na perfeição, dando a ilusão de um abraço. Viu nesses bustos o que poderia ser uma bonita mensagem de amor. Na sua opinião, se Deus é amor – como defendem os Cristãos – então, ninguém devia opor-se a uniões entre pessoas do mesmo sexo. Com estes dois bustos, agrada-lhe, também, a duplicidade de sentido do abraço, uma vez que, é comum dizer-se que “se abraça uma religião”.
Soasig esclarece que o seu objectivo não é ofender o público católico, mas antes, explorar objectos icónicos, para entender melhor o mundo que a rodeia, e cita Paul Auster: “O verdadeiro objectivo da arte não é criar objectos bonitos: é um método de reflexão, um meio de apreensão do universo e de encontrar nele o seu lugar.”
Entre a paixão e o ódio: fica a obra.
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Sobre a autora: Marisa Antunes apaixona-se por tudo e pelos nadas e passa a vida a sonhar acordada. Tem uma assumida tentação pelo abismo e pelas quedas livres - sem rede - e acredita que tudo é possível.

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