Artur
Azevedo, nascido no Maranhão em 1855 e falecido no Rio de Janeiro em
1908, foi teatrólogo, contista, jornalista e poeta. Foi responsável pela
consolidação da comédia de costumes brasileira. Pertencente à segunda
metade do século XIX, é considerado um autor que se insere no período
literário intitulado Realismo. O Brasil vivia o Segundo Reinado
(1840-1889), época marcada pelos movimentos abolicionista e republicano.
Desde o fim da Guerra do Paraguai em 1870, a monarquia e a escravidão
eram alvos de críticas. Artur Azevedo abordou principalmente assuntos
cotidianos ligados a então capital brasileira, Rio de Janeiro. Suas
obras são consideradas documentários sociológicos sobre a evolução
comportamental do brasileiro. Indiretamente, são propostas discussões
sobre ética e cidadania.
Em
"A Pele do Lobo", sátira teatral de Azevedo encenada pela primeira vez
no Rio de Janeiro em 1877, percebe-se uma temática conflitante.
Configura-se a oposição entre a defesa da liberdade, bem como dos
direitos e deveres sociais e os poderes, às vezes abusivos, antiéticos,
ineficientes de ocupantes de cargos públicos. A peça se passa em Ato
Único, sendo o cenário uma delegacia de polícia, também residência de
Cardoso, o subdelegado que se "submete" a esse cargo na expectativa de
ser promovido. Nesse local, Apolinário, típico brasileiro semianalfabeto
e bajulador, aborda Cardoso a fim de registrar queixa contra Jerônimo
por roubar algumas de suas galinhas. Como não consegue redigir a
ocorrência, ironicamente, Cardoso "dita" o que ele deve escrever.
Amália, esposa do subdelegado, apressa o marido todo o tempo, pois,
mesmo em horário de expediente, sairiam para um batizado. Nota-se
profundo descaso e ineficiência de Cardoso no desempenho de sua função.
Numa
outra cena, Jerônimo deseja manisfestar sua defesa. Esse personagem
leva sua queixa pronta, redigida em "um papel sujo que Cardoso pega com
repugnância" e três testemunhas. Ele faz o tipo agressivo, determinado
"custe o que custar", impertinente e atrevido. Demonstra embriaguez.
Jerônimo reclama da burocracia, da morosidade da Justiça, da "pândega
das autoridades concomitante ao sofrimento do povo". Além desse desacato
verbal, ameaça o subdelegado com uma faca por chamá-lo de "insolente" e
acaba preso. Percorre o drama acusado-vítima-acusado devido a sua
dificuldade em lidar o sistema jurídico brasileiro, não tem nenhuma
polidez, sutileza ou noção de hierarquia no trato social. Jerônimo
representa o brasileiro que destrói o bem público: joga cinzas do
cachimbo no chão e cospe na parede da delegacia três vezes.
A
metáfora do lobo, presente no título da obra e na frase "Quem não
quiser ser lobo não lhe vista a pele", proferida por Amália, sugere que
se não quer passa horas ouvindo as partes de um processo, não se
candidate ao cargo de subdelegado. Neste cargo tem-se de lidar com
pessoas de diferentes níveis sociais, econômicos e culturais, com
papéis, bandidos e exposições públicas. A fala "E metam-se a servir o
país" manifestada por Cardoso diversas vezes sugere profunda ironia em
relação ao funcionário público que, em tese, serve o país e não é
reconhecido, recompensado por isso. Tanto que, no final da peça,
Cardoso, em vez de promovido como deseja, é demitido, configurando-se a
"ingratidão" do país para com seus préstimos.
Nota-se
na linguagem de "A pele do lobo" um caráter realista típico da
literatura da segunda metade do século XIX, muitas vezes, sem "papas na
língua" ou a inverossímil idealização, a adjetivação exacerbada do
Romantismo. São contemporâneos desse período vários estudos sobre a
adaptação social (Determinismo) e a seleção natural (Evolucionismo) e o
prestígio da Observação sobre a Imaginação (Positivismo), correntes
filosófico-científicas focadas no homem, em sua dimensão material,
objetiva. A visão idealizada de um homem sem falhas de caráter, capaz de
dar a própria vida por seus valores, seus ideais e aspirações ficara na
primeira metade do século em questão, no platonismo romântico.
Fonte: Atena Hera
Ola onildo, gostaria de falar com o senhor do trabalho do cinepas, porque na ultima quarta-feira
ResponderExcluir(4/3) Não deu pro nosso grupo falar com o senhor sobre o nosso roteiro. Logo gostaria de que falasse seu e-mail, para podermos nos comunicar.
Sou do 1º ano "c".