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domingo, 20 de novembro de 2011

A PELE DO LOBO - ARTUR AZEVEDO



Artur Azevedo, nascido no Maranhão em 1855 e falecido no Rio de Janeiro em 1908, foi teatrólogo, contista, jornalista e poeta. Foi responsável pela consolidação da comédia de costumes brasileira. Pertencente à segunda metade do século XIX, é considerado um autor que se insere no período literário intitulado Realismo. O Brasil vivia o Segundo Reinado (1840-1889), época marcada pelos movimentos abolicionista e republicano. Desde o fim da Guerra do Paraguai em 1870, a monarquia e a escravidão eram alvos de críticas. Artur Azevedo abordou principalmente assuntos cotidianos ligados a então capital brasileira, Rio de Janeiro. Suas obras são consideradas documentários sociológicos sobre a evolução comportamental do brasileiro. Indiretamente, são propostas discussões sobre ética e cidadania.
Em "A Pele do Lobo", sátira teatral de Azevedo encenada pela primeira vez no Rio de Janeiro em 1877, percebe-se uma temática conflitante. Configura-se a oposição entre a defesa da liberdade, bem como dos direitos e deveres sociais e os poderes, às vezes abusivos, antiéticos, ineficientes de ocupantes de cargos públicos. A peça se passa em Ato Único, sendo o cenário uma delegacia de polícia, também residência de Cardoso, o subdelegado que se "submete" a esse cargo na expectativa de ser promovido. Nesse local, Apolinário, típico brasileiro semianalfabeto e bajulador, aborda Cardoso a fim de registrar queixa contra Jerônimo por roubar algumas de suas galinhas. Como não consegue redigir a ocorrência, ironicamente, Cardoso "dita" o que ele deve escrever. Amália, esposa do subdelegado, apressa o marido todo o tempo, pois, mesmo em horário de expediente, sairiam para um batizado. Nota-se profundo descaso e ineficiência de Cardoso no desempenho de sua função.
Numa outra cena, Jerônimo deseja manisfestar sua defesa. Esse personagem leva sua queixa pronta, redigida em "um papel sujo que Cardoso pega com repugnância" e três testemunhas. Ele faz o tipo agressivo, determinado "custe o que custar", impertinente e atrevido. Demonstra embriaguez. Jerônimo reclama da burocracia, da morosidade da Justiça, da "pândega das autoridades concomitante ao sofrimento do povo". Além desse desacato verbal, ameaça o subdelegado com uma faca por chamá-lo de "insolente" e acaba preso. Percorre o drama acusado-vítima-acusado devido a sua dificuldade em lidar o sistema jurídico brasileiro, não tem nenhuma polidez, sutileza ou noção de hierarquia no trato social. Jerônimo representa o brasileiro que destrói o bem público: joga cinzas do cachimbo no chão e cospe na parede da delegacia três vezes.
A metáfora do lobo, presente no título da obra e na frase "Quem não quiser ser lobo não lhe vista a pele", proferida por Amália, sugere que se não quer passa horas ouvindo as partes de um processo, não se candidate ao cargo de subdelegado. Neste cargo tem-se de lidar com pessoas de diferentes níveis sociais, econômicos e culturais, com papéis, bandidos e exposições públicas. A fala "E metam-se a servir o país" manifestada por Cardoso diversas vezes sugere profunda ironia em relação ao funcionário público que, em tese, serve o país e não é reconhecido, recompensado por isso. Tanto que, no final da peça, Cardoso, em vez de promovido como deseja, é demitido, configurando-se a "ingratidão" do país para com seus préstimos.
Nota-se na linguagem de "A pele do lobo" um caráter realista típico da literatura da segunda metade do século XIX, muitas vezes, sem "papas na língua" ou a inverossímil idealização, a adjetivação exacerbada do Romantismo. São contemporâneos desse período vários estudos sobre a adaptação social (Determinismo) e a seleção natural (Evolucionismo) e o prestígio da Observação sobre a Imaginação (Positivismo), correntes filosófico-científicas focadas no homem, em sua dimensão material, objetiva. A visão idealizada de um homem sem falhas de caráter, capaz de dar a própria vida por seus valores, seus ideais e aspirações ficara na primeira metade do século em questão, no platonismo romântico. 
 
Fonte: Atena Hera

Um comentário:

  1. Ola onildo, gostaria de falar com o senhor do trabalho do cinepas, porque na ultima quarta-feira
    (4/3) Não deu pro nosso grupo falar com o senhor sobre o nosso roteiro. Logo gostaria de que falasse seu e-mail, para podermos nos comunicar.
    Sou do 1º ano "c".

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