Cultura marginal
A cultura marginal é uma produção artística que não se enquadra dentro dos padrões tradicionais de se produzir cultura. É uma arte maldita, no sentido de ser arte do deboche, arte do conflito e da provocação, sempre buscando novas formas de expressão e novos olhares num mundo esteticamente voltado para a cultura do belo e do politicamente correto. A cultura marginal tenta aproximar a arte com aspectos coloquiais que possam refletir a realidade sem maquiagem, dando voz a quem não tem voz e incentivar o pensamento critico.
No Brasil podemos situar o surgimento da cultura marginal, mesmo ainda sem este nome ter sido citado, ou seja, durante a semana de arte moderna de 22, onde diversos artistas buscaram romper com aos padrões e criar uma arte própria que se retrata a realidade brasileira. Deste feito, surgiram heróis da cultura nacional, como Jeca tatu de Monteiro Lobato e Macunaíma de Mario de Andrade, personagens fictícios que possuem a força de refletirem a realidade de um povo sofrido. Mas foi na década de sessenta com o surgimento da contra-cultura que surge também o nome: Arte Marginal. Influenciados pelos movimentos Europeus, Nouvelle Vague e Realismo, que a cultura marginal tomou forma e tamanho espalhando-se pelo cinema, literatura, teatro, música e poesia. A idéia era criar arte de fácil compreensão e contundente. Desta feita, podemos citar muitos artistas como: Plínio Marcos no teatro e literatura, Roberto Piva na poesia, Bressani e Sganzerla no cinema e por aí vai... A cultura marginal é muito rica e citar toda sua obra é loucura, a única coisa estranha desta época é que por mais que tivéssemos muitos artistas em vários campos da arte, a cultura marginal não se caracterizou por uma união dos interessados, enorme contradição para quem queria fazer arte de margem, isto poderia ter fortalecido o movimento. Hoje os maiores representantes da cultura marginal são os rappers e os punks tradicionais. No cinema há uma retomada pelo cinema de margem, mais sem querer levantar bandeira, somente na literatura que surgiu com força total um movimento interessado em levar a frente esta idéia, e vem provocando muita discussão em torno, devido, o fato de eles escreverem sem concordância e desrespeitando a ortografia, a justificativa é o realismo. O que diferencia esta geração de escritores marginais de outras, é o fato que esta produção não mais é feita por gente do asfalto sensibilizada com a realidade brasileira, mas por pessoas que vivem essa realidade e escrevem sobre ela. Destaques para Paulo Lins e Férreis, escritores marginais que assumem um compromisso militante. Paulo Lins realiza saraus de discussão sobre o que escreve, seu livro Cidade de Deus, virou filme e deu o que falar. Ferréis segue a mesma linha, escreveu o livro Capão pecado, e levanta a bandeira de uma literatura marginal, organiza discussões em torno de projetos de bibliotecas comunitárias e da importância da leitura como ferramenta de luta social.
Há muitos outros artistas ainda produzindo cultura marginal graças a Deus ou ao Diabo, pena que não temos espaço para falar de todos, mas vai uma dica, procure na Internet sobre estes que foram citados e descobrirá grandes obras e outros grandes como estes. Salve a margem!
Obs: Muitos artistas apesar de produzirem arte marginal, não foram influenciados pela idéia de fazer arte de fácil compreensão e contundente, Plínio Marcos por exemplo só queria dar voz a quem não tem voz, enquanto Piva queria provocar e subverter tudo. Enfim, independendente da intenção, suas obras são marginais porque rompem com padrões, por isso entraram no balaio de gato da margem, rsrsrs...
fonte: http://ailtonrtv.blogspot.com.br/2008/08/um-pouco-sobre-cultura-marginal.html
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