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domingo, 21 de agosto de 2011

O Modernismo no Brasil

O Modernismo foi uma tendência vanguardista que rompeu com padrões rígidos e caminhou para uma criação mais livre, surgida internacionalmente nas artes plásticas e na literatura no final do século XIX e início do século XX. Foi uma reação às escolas artísticas do passado. Como resultado, desenvolveram-se novos estilos, entre eles o Expressionismo, o Cubismo, o Dadá, o Surrealismo e o Futurismo.

No Brasil, o termo identifica o movimento desencadeado pela Semana de Arte Moderna de 1922. De 11 a 18 de fevereiro daquele ano, conferências, recitais de música, declamações de poesia e exposição de quadros, realizados no Teatro Municipal de São Paulo, apresentam ao público as novas tendências das artes do país. Seus idealizadores rejeitam a arte do século XIX e as influências estrangeiras do passado. Defendem a assimilação das estéticas internacionais para mesclá-las com a cultura nacional, o que dá origem a uma arte vinculada à realidade brasileira.


A partir da Semana de 22 surgem vários grupos e movimentos, que radicalizam ou se opõem a seus princípios básicos. O escritor Oswald de Andrade e a artista plástica Tarsila do Amaral publicam em 1924 o Manifesto da Poesia Pau-Brasil, que enfatiza a necessidade de criar uma arte baseada nas características do povo brasileiro, com absorção crítica da modernidade européia. Em 1928 levam ao extremo essas idéias com o Manifesto Antropofágico, que propõe "devorar" influências estrangeiras para impor o caráter brasileiro à arte e à literatura. Por outro caminho, mais conservador, segue o grupo da Anta, liderado pelo escritor Menotti del Picchia (1892-1988) e pelo poeta Cassiano Ricardo (1895-1974). Em um movimento chamado de verde-amarelismo, fecham-se às vanguardas européias e aderem a idéias políticas que prenunciam o integralismo, versão brasileira do fascismo. O principal veículo das idéias modernistas é a revista Klaxon, lançada em maio de 1922.

Na área das artes plásticas, uma das primeiras exposições de arte moderna no Brasil é realizada em 1913 pelo pintor de origem lituana Lasar Segall. Suas telas chocam, mas as reações são amenizadas pelo fato de o artista ser estrangeiro. Em 1917, Anita Malfatti faz a que é considerada de fato a primeira mostra modernista brasileira. Apresenta telas influenciadas pelo Cubismo, Expressionismo, Fauvismo e Futurismo que causam escândalo, entre elas A Mulher de Cabelos Verdes.

Distantes da preocupação com a realidade brasileira, mas muito identificados com a arte moderna e inspirados pelo Dadá, estão os pintores Ismael Nery e Flávio de Carvalho (1899-1973). Na pintura merecem destaque ainda Regina Graz (1897-1973), John Graz (1891-1980), Cícero Dias (1908-) e Vicente do Rego Monteiro (1899-1970).
Di Cavalcanti retrata a população brasileira, sobretudo as classes sociais menos favorecidas. Mescla elementos realistas, cubistas e futuristas, como em Cinco Moças de Guaratinguetá. Outro artista modernista dedicado a representar o homem do povo é Candido Portinari, que recebe influência do Expressionismo. Entre seus trabalhos importantes estão as telas Café e Os Retirantes.

No final dos anos 20 e início da década de 30 começam a se aproximar do movimento artistas mais preocupados com o aspecto plástico da pintura. Utilizam cores menos gritantes e composição mais equilibrada. Entre eles destacam-se Alberto Guignard (1896-1962), Alfredo Volpi, depois ligado à abstração, e Francisco Rebolo (1903-1980).

O Modernismo enfraquece a partir dos anos 40, quando o Abstracionismo chega com mais força ao país. Seu final acontece nos anos 50, com a criação das bienais, que promovem a internacionalização da arte brasileira.

Na literatura, uma das principais inovações modernistas é a abordagem de temas do cotidiano, com ênfase na realidade brasileira e nos problemas sociais. O tom é combativo. O texto liberta-se da linguagem culta e passa a ser mais coloquial, com admissão de gírias. Nem sempre as orações seguem uma seqüência lógica e o humor costuma estar presente. Objetividade e concisão são características marcantes. Na poesia, os versos tornam-se livres, e deixa de ser obrigatório o uso de rimas ricas e métricas perfeitas.

Os autores mais importantes são Oswald de Andrade e Mário de Andrade, os principais teóricos do movimento. Destacam-se ainda Menotti del Picchia e Graça Aranha (1868-1931). Oswald de Andrade várias vezes mescla poesia e prosa, como em Serafim Ponte Grande. Outra de suas grandes obras é Pau-Brasil. O primeiro trabalho modernista de Mário de Andrade é o livro de poemas Paulicéia Desvairada. Sua obra-prima é o romance Macunaíma, que usa fragmentos de mitos de diferentes culturas para compor uma imagem de unidade nacional. Embora muito ligada ao simbolismo, a poesia de Manuel Bandeira também exibe traços modernistas, como em Libertinagem.

O Modernismo vive uma segunda fase a partir de 1930, quando é lançado Alguma Poesia, de Carlos Drummond de Andrade. Os temas sociais ganham destaque e o regionalismo amplia sua temática.

A terceira fase do movimento começa em 1945. Os poetas retomam alguns aspectos do Parnasianismo, como Lêdo Ivo (Acontecimento do Soneto). João Cabral de Melo Neto (Morte e Vida Severina) destaca-se pela inventividade verbal e pelo engajamento político. Na prosa, os nomes mais importantes são Guimarães Rosa (Grande Sertão: Veredas) e Clarice Lispector (Perto do Coração Selvagem).

Na música, o Modernismo dá prosseguimento às mudanças iniciadas com o Impressionismo e o Expressionismo, rompendo ainda mais com o sistema tonal (música estruturada a partir da escolha de uma das 12 notas da escala como a principal). Os movimentos musicais modernistas são o Dodecafonismo, o Neoclassicismo e as escolas nacionais (que exploram o folclore de cada país), predominantes internacionalmente de 1910 a 1950.

Heitor Villa-Lobos é o principal compositor no Brasil e consolida a linguagem musical nacionalista. Para dar às criações um caráter brasileiro, busca inspiração no folclore e incorpora elementos das melodias populares e indígenas. O canto de pássaros brasileiros aparece em Bachianas Nº 4 e Nº 7. Em O Trenzinho Caipira, Villa-Lobos reproduz a sonoridade de uma maria-fumaça e, em Choros Nº 8, busca imitar o som de pessoas numa rua. Nos anos 30 e 40, sua estética serve de modelo para compositores como Francisco Mignone (1897-1986), Lorenzo Fernandez (1897-1948), Radamés Gnattali (1906-1988) e Camargo Guarnieri (1907-1993).

O Modernismo influencia tardiamente a produção teatral. Só em 1927 começam as inovações nos palcos brasileiros. Naquele ano, o Teatro de Brinquedo, grupo experimental liderado pelo dramaturgo e poeta Álvaro Moreyra (1888-1965), monta Adão, Eva e Outros Membros da Família. A peça, em linguagem coloquial e influenciada pelo marxismo, põe pela primeira vez em cena dois marginais: um mendigo e um ladrão.

Ainda na década de 20 são fundadas as primeiras companhias de teatro no país, em torno de atores como Leopoldo Fróes (1882-1932), Procópio Ferreira (1898-1979), Dulcina de Moraes (1908-1996) e Jaime Costa (1897-1967). Defendem uma dicção brasileira para os atores, até então submetidos ao sotaque e à forma de falar de Portugal. Também inovam ao incluir textos estrangeiros com maior ousadia psicológica e visão mais complexa do ser humano.


Confira abaixo algumas imagens sobre o Modernismo:





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